Vapes produzem adolescentes fumantes

Além de causar maiores danos à saúde, o cigarro eletrônico aumenta em até 5 vezes a chance de o adolescente se tornar fumante regular, e tem forte relação com o uso intenso de maconha já a partir dos 12 anos de idade. Essa correlação vem ficando mais evidente desde 2017, junto com a constatação de que os vapes são muito mais perigosos do que o cigarro comum.

Então não se trata apenas de evitar que a galera inale produtos químicos causadores de lesões pulmonares, mas também de evitar que os adolescentes se exponham ao risco da dependência. Não dá pra deixar rolar só porque nas festinhas tá todo mundo curtindo fazer desenhos de fumaça.

É curioso que o cigarro eletrônico tenha feito fama de bonitinho justamente com o argumento de que seria uma alternativa mais saudável aos cigarros de papel, inclusive ajudando os fumantes a abandoná-los. Pra quem quer conhecer essa história, a minissérie documental Big Vape mostra como essa boa intenção se transformou num desastre infernal, que faz a alegria da indústria do tabaco. Vale ver com a molecada.

Mostrar esses perigos é indispensável, mas é preciso ir além: assumir a posição de adultos cuidadores, sinalizando claramente que não há espaço para esse tipo de experiência perigosa, em nome da lei maior da vida.

Em muitos casos o trabalho vai ser difícil, pois a história de cada criança conta muito na predisposição a esse risco. Já se sabe que negligências na infância aumentam a probabilidade de tabagismo, aí incluído o tabagismo eletrônico.

Nessa luta, a questão de partida é sempre compreender por que o adolescente se sente atraído pela situação de risco. A pressão da galera conta muito, mas não é tudo.

David Moisés e Angela Minatti

Leia também no livro:

Cair no mundo sem cair em armadilhas .......... p.380

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